3 Lições da vida real que aprendi com Card Games

Daniel Medeiros
5 min readApr 14, 2022

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Card Games, assim como tudo na vida, podem ter lições valiosas caso você seja observador e preste atenção.

Por serem jogos de estratégia e possuírem elementos competitivos dentro das próprias mecânicas de jogo, os TCGs (Trading Card Games, como vou chamar daqui pra frente) obrigam os jogadores a exercitarem seus cérebros e pensarem de forma não tão convencional assim.

Heurística: Atalhos mentais

Essa linha de pensamento a que me refiro, é algo conhecido no campo da psicologia como Heurística, ou também como Pensamento Heurístico , e consiste num método de resolução de problemas através de atalhos mentais. Atalhos esses desenvolvidos pela repetição de vários padrões em situações específicas.

Tá, mas o que isso significa? Significa que nos TCGs, você repete várias vezes a mesma situação (ou situações bem parecidas), e com isso, sua mente já fica acostumada a resolver certos tipos de problemas/situações na vida real, e consegue o fazer com grande agilidade. A heurística é uma espécie de memória muscular da mente, e com isso em mente, vou falar um pouco sobre algumas lições dessas heurísticas que aplico na vida real.

1. Jogue pra sua condição de vitória (Play to your outs)

Uma das situações que se repetem múltiplas vezes em vários TCGs diferentes, é o jogador se encontrar numa situação onde poucas probabilidades podem garantir uma vitória. Uma combinação específica de cartas, que envolvem alguma (as vezes muita) sorte pra acontecer. Então quando sua única chance de vitória (ou de sair de uma situação difícil) envolve uma combinação improvável, mas não impossível de resultados, jogue/aja de forma que você consiga maximizar as possibilidades disso acontecer. Muitas pessoas gostam de dizer que os melhores jogadores e as pessoas que tem sucesso na vida são sortudas, e algum nível de sorte é necessário, obviamente. Como disse Nelson Rodrigues uma vez: ‘’sem sorte não se chupa nem um Chicabon’’ .

A diferença é que algumas pessoas aprendem a maximizar a sorte delas agindo de forma que diminua ao máximo suas chances de azar, e isso é uma lição que levo pra vida: Quando sua única saída é algo improvável, aja de acordo!

2. Probabilidade e o Pensamento Fixo (Results-Oriented Thinking)

O pensamento fixo (chamado em inglês de Results-Oriented Thinking) é um viés de pensamento que foca apenas no resultado, e ignora o processo enquanto o resultado for atingido. Pra muita gente, isso é o comum, é o normal, já que afinal, o resultado é o mais importante de tudo, correto?

De certa forma sim, o resultado é ‘’o mais importante’’ (fortes aspas), mas sem o processo não existe resultado de forma consistente, e pra mostrar isso vamos pra um pequeno exercício mental:

Imagine que tem uma sacola preta com 6 cartas dentro, 4 cartas pretas e 2 cartas vermelhas, e a pessoa que está segurando a sacola pede pra você adivinhar qual cor de carta ele vai tirar de dentro da sacola, e depois de tirar a carta da sacola, coloca a carta de volta com as outras. A resposta óbvia da adivinhação é que você deve escolher a carta preta, já que ela tem mais chances de aparecer do que a vermelha. Mas digamos que com 5 tentativas de adivinhar você errou todas, e a pessoa que está segurando a sacola só puxou cartas vermelhas de dentro. Você ainda vai dizer que a próxima carta será preta?

Se você quer responder ‘’carta vermelha’’ para a próxima tentativa, você tem um péssimo caso de Pensamento Fixo. E o que pode ser chamado também na Economia Comportamental (e na psicologia comportamental no geral) de ‘’Falácia da mão quente’’ (também conhecida como falácia do apostador), que consiste em achar que algo vai acontecer de novo só porque aconteceu múltiplas vezes em seguida.

E tá tudo bem, é normal pensar dessa forma, nossos cérebros são programados assim, mas quando paramos pra pensar racionalmente, a escolha correta no longo prazo sempre será a carta preta, já que ela tem mais chances de aparecer.

Essa lição que aprendi nos meus anos de TCG é que na vida o resultado não é tudo, o resultado é uma parte importante do processo, mas nunca deve ser colocado num pedestal acima do que é verdadeiramente mais importante: A consistência do processo.

3. Variância: O bicho-papão do maníacos por controle

A variância na estatística consiste na medida de dispersão que mostra a distância entre o ponto de valor central e cada valor de um dado conjunto. Mas pra simplificar tudo, no mundo dos TCGs, a palavra ‘’Variância’’ existe como um sinônimo de sorte (na verdade azar na maioria das vezes).

As lições anteriores foram sobre como mitigar e contornar os efeitos da sorte, e sobre como manipular as probabilidades pra você quando possível, mas essa última lição fala sobre algo totalmente oposto: Desistir e deixar pra lá.

Muitas vezes em algum jogo ou na vida real, nos encontramos em situações onde fizemos tudo que podíamos, e tudo da maneira mais correta possível, e mesmo assim ainda deu tudo errado. Infelizmente isso faz parte da vida, afinal, muito da vida são aspectos que não podemos controlar. Então não adianta ficar obcecado com situações onde se fez tudo que pode mas mesmo assim tudo deu errado.

Como diz esse momento de ‘’The Office’’: ‘’Nem tudo é uma lição. As vezes você só falha.’’

Então o importante está em preservar sua sanidade mental e aprender a lidar com situações que estão além do seu controle, e entender que elas são parte da vida, e que é nosso dever simplesmente nos levantar e recomeçar.

Se teve a paciência de ler até aqui, lhe desejo um abraço e muito obrigado!

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Daniel Medeiros
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Written by Daniel Medeiros

26, entusiasta de card games, estudante de administração e apreciador de conhecimentos inúteis

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