Do Magical Scientist aos Tearlaments: Um ensaio sobre Fusão — Parte 2: I need a Hero!

Daniel Medeiros
7 min readApr 11, 2023

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A galera da escola é quente…

Após o lançamento da coleção ‘’The Lost Millenium’’, que estreou o novo anime e a nova era do card game, a Konami quis fazer um esforço para dar novos ares à mecânica de fusão. E assim surgiram o sonho de consumo de todas as crianças que assistiram YGO GX na televisão: Os Elemental Heroes. Apesar da histeria infantil coletiva sobre os Heróis, no começo da nova era eles eram bem ruins.

Obviamente ao longo dos anos seriam lançados mais suportes para o primeiro grande arquétipo do jogo (desculpa Gravekeepers, vocês estão no meu coração mesmo assim), mas no começo do novo formato, os decks de Goat Control e variantes de Chaos reinavam supremas ainda. Até que um belo dia, a Konami lançou a coleção Cybernetic Revolution, que marcava de fato a transição quase que instantânea para a nova era do jogo.

A era da morte da Normal Summon

‘‘Foi ele, policial. Ele matou o Goat!’’

Com o advento do Cyber Dragon, o jogo se tornou rápido demais para o querido Goat Control, o amiguinho cibernético acima conseguia matar qualquer coisa que fosse invocada no turno um de forma normal, dando um powercreep certeiro no jogo focado em Normal Summon. Como se isso não fosse o bastante, ele ainda era o material das fusões mais fortes do jogo até o presente momento: O Cyber Twin Dragon e o Cyber End Dragon.

Cartas icônicas como Power Bond e Miracle Fusion foram lançadas nessa coleção, dando início as primeiras tentativas experimentais da Konami de encorajar os jogadores a fazer fusões da maneira ‘’correta’’, utilizando os materiais corretos das cartas, mesmo que com alguns temperos diferentes, como o ganho de ataque da Power Bond e permitir materiais do grave com a Miracle Fusion.

Com um novo estilo de jogo no horizonte, o YGO tornou-se um jogo mais rápido, focado em Special Summons e monstros poderosos, em vez da batalha de vantagem e recursos que um dia foi, agora nós temos uma batalha de quem consegue encaixar primeiro seu OTK ou sua grande bomba.

O Armageddon de Duas Cabeças

Com essa tunada na velocidade do card game, muitos decks passaram a usar o Cyber-Stein como forma de finalizar os jogos, controlando o early game até conseguir encaixar uma fusão poderosa pra acabar com o jogo. Outros decks no entanto, utilizavam o Stein e também a Metamorphosis pra acabar com o jogo num turno só, e o mais popular deles na época era o Demise OTK.

O pai do Judgment Dragon

Os decks de Demise eram bem simples, juntar as peças pra invocar o amigão (que convenientemente é nível 8, podendo ser tributado pra invocar um Twin do extra), limpar o campo e bater pra matar. Como o deck usava Advanced Ritual Art, ele conseguia invocar o Demise mandando insetos pro grave, o que facilitava a entrada do Doom Dozer no campo. Daí você tinha múltiplas formas de matar, Megamorph, Metamorphosis, Cyber-Stein e afins. Mas a farra do Stein acabaria em breve, com o anúncio da primeiríssima lista de emergência, que anunciou o Cyber-Stein como o novo reforço do Gigante da Colina. O banimento do Stein não machucaria os decks de Demise, já que não dependiam dele pra dar OTK, mas fez justamente todos os outros decks pararem de depender do amiguinho cibernético pra ganhar.

Contatos imediatos de terceiro grau

Apesar do clickbait, os Heroes não viram jogo competitivo nessa época, o arquétipo possuía um estilo de jogo que refletia bastante o problema inerente da mecânica até então: A necessidade de cartas específicas demais. Os monstros de fusão em si vinham melhorando, mas a mecânica no geral ainda nao via jogo da forma como foi concebida, deixando os heróis serem apenas uma maneira de tirar dinheiro de criança.

Ash Blossom? Fusion Deployment? Você deve ter batido a cabeça bem forte, deixa de papo e vamo assistir o episódio novo do GX

Antes de virar tech de side deck no Branded, as fusões Neos nasceram como uma maneira nova de fazer fusão. Dessa vez a Konami tentou eliminar a necessidade da Poly e deixou os jogadores terem que apenas reunirem os materiais específicos pra fazer a fusão. Mas essa barganha faustiana veio com um preço: Suas fusões voltam pro extra no fim do turno. Exatamente, você gasta sua alma e mais uns trocados pra invocar um Rei Caveira piorado e uma das combinações elementais do Neos (que eram quase todos horríveis naquela época), e no fim de tudo você invoca uma fusão de efeito medíocre que volta pro extra no fim do turno. Não era fácil gostar de fusão naquela época.

Fusões instantâneas, impactos tardios

O dinheiro compra tudo, menos fusões boas

Cyberdark Impact veio e deixou seu maior legado na história das fusões. E não, não estou falando daqueles Cyber Dragons que ficaram trevosos e piorados, sim de uma das spells de fusão mais fortes de todos os tempos: Instant Fusion. A Instant Fusion criou um conceito que de início parecia bem mais ou menos, mas que só tendia a ficar bom com o passar dos anos, o conceito de Fusão de uma carta só. Obviamente no começo a carta não viu nenhum jogo, já que a pool de monstros era bem limitada, mas a carta se tornaria um monstro nos anos futuros.

O que você faz na Battle Phase, ecoa pela eternidade

Meu nome é Heraklinos Decimus Meridius…

Gladiators Assault trouxe consigo a estrela das fusões contato, o deck que se tornaria a cara das Fusões no competitivo: Os famosos Gladiator Beasts, ou Glads de forma carinhosa. Os Glads eram uma combinação explosiva de interações, controle e monstros fortes, o que fazia do deck uma força a ser temida no competitivo, dividindo os holofotes com o tão temido DAD Return.

O deck consistia em usar os monstros de Main Deck e seus efeitos bons, e durante a Battle Phase, eles voltavam para o deck e invocavam outro com o nome diferente (jogada conhecida como ‘’Tagging Out/Tag out’’). E assim o deck ia gerando vantagem e corpos na mesa pra fazer suas fusões contato, e durante muito tempo foi uma excelente opção competitiva.

O retorno dos que não foram

Phantom Darkness chegou, a coleção dos maiores bichos-papões e do primeiro Tier 0. É de conhecimento popular as atrocidades lançadas nessa coleção, Dark Grepher, o querido papai (Dark Armed Dragon), Armageddon Knight, e afins. Se eu for listar todas as cartas boas da coleção eu preciso escrever um artigo só pra ela. Além dos absurdos em power-level lançados, saiu muita coisa pra fusão e para os Glads.

Polimerização 2: O inimigo agora é outro

A queridíssima Super Poly saiu na Phantom Darkness também, e apesar de ser melhor que a Instant Fusion logo de cara, ainda não viu muito jogo devido as matérias extremamente restritivas das fusões, e só veria a ser importante no futuro.

Olhem, é o meu pa-pa-pa-papai (música do Globoesporte)

A força do DAD Return ofuscava os decks de fusão, deixando os Glads cimentados como o segundo melhor deck do formato.

Um papagaio e um sonho

Logo após a escuridão, vem a luz. E a coleção Light of Destruction foi lançada logo após PTDN (Phantom Darkness). A nova coleção tinha um foco grande no novo arquétipo de luz inventado pra bater de frente com os suportes para Dark, e assim nasceram os Lightsworns.

Curupaco kill with power!

Mas esse não é um texto sobre jogar cassino e rezar pra millar 4 nomes diferentes (Desculpa fãs de Lightsworn). O Gladiator Beast Gyzarus era a peça que faltava pros Glads assumirem o status de tier 1 definitivo no formato, conseguindo bater de frente e até destronar o agora enfraquecido pela banlist DAD Return. O núcleo do Glads já era bem forte, e também com a adição do Elemental Hero Prisma printado no mesmo ano, o deck ficou bem redondinho e dominou o final da era GX.

Tempos sombrios estão por vir…

Com isso finalizamos nosso artigo sobre a era GX e como as fusões mudaram. A mecânica passou por várias mudanças e recebeu cartas que só seriam relevantes bem futuramente, mas que já davam um gostinho do que poderia vir. O próximo texto vai ser sobre a Era 5ds e o seu impacto no design de fusões, e como que o jogo se desenvolveu por conta disso.

Um abraço e te espero na parte 3!

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Daniel Medeiros
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Written by Daniel Medeiros

26, entusiasta de card games, estudante de administração e apreciador de conhecimentos inúteis

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