Filosofia das Guildas #03 — Selesnya e Aristóteles
Continuando nas guildas brancas, venho com os Selesnya, uma das guildas mais antigas de Ravnica, mais antiga que o próprio Pacto das Guildas, e como contexto filosófico, trago Aristóteles, e seus pensamentos sobre a vida e a natureza do ser humano em relação à comunidade.
Como de praxe, começando pela parte filosófica, Aristóteles acreditava que os seres humanos tinham em sua natureza, o desejo de viver em comunidade, em seu livro “Política”, ele debate que o ser humano tem uma inclinação à coletividade e que na coletividade ele realiza um bem para si próprio.
O homem, segundo Aristóteles, vive em sociedade pois é a única maneira de sentir-se como um ser humano completo, e que a vida em sociedade é a única vida boa possível, pois somente na sociedade há justiça, e na individualidade, e no isolamento, existem as mais perigosas armas, e os piores feitos que um ser humano poderia cometer.
Agora sobre como as cores interagem, e o que elas individualmente trazem para essa combinação.
Branco
O Branco fica mais evidente e fica mais “puro” nos Selesnya, suas características de justiça e de união encaixam-se no propósito da guilda, e também unem-se com os conceitos de união e prosperidade do verde, e ambas as cores prezam por suas crenças acima de tudo, tudo que não faz parte delas está errado e não deve ser considerado.
Para Aristóteles, o homem é o melhor dos animais, por ser capaz de justiça, e se existe uma cor que representa a justiça e a proteção, é o branco.
Verde
O verde é a cor da natureza, do fluxo natural das coisas, e da manutenção desse fluxo, que é defendido ferozmente por ela. E no Conclave Selesnya, a cor é representada através do seu ambiente, dos seus habitantes, todos em contato com a natureza, e mais importante ainda, com aversão ao não-natural.
Aristóteles usa bastante do argumento da naturalidade para defender a vida em comunidade, e assim como na vida real, no mundo do Magic, a vida natural é próspera e a melhor possível, pelo menos para o verde.
Selesnya: Os perigos da coletividade
Por mais bonito que todo o discurso de coletividade e paz que a guilda mostre para o lado externo, ela também esconde um lado de obscurantismo e de tradicionalismo em si, pois os Selesnya rejeitam tudo que não forem eles mesmos, e além disso, não possuem nenhum tipo de individualidade, e nem recompensam seus membros por ações individuais, coisa que impede o progresso de acontecer.
No geral, os Selesnya representam conservadorismo, e a aversão ao progresso, o que os deixou para trás em vários aspectos no plano de Ravnica, as duas cores que os formam combinam muito bem, se misturam e se diferenciam em vários aspectos, assim como todas as combinações de cores.
Se tiveram a paciência de ler até aqui, agradeço e espero que tenham gostado.
Um abraço!
Aristotle on the Nature of Community. Adriel M. Trott. Cambridge, New York: Cambridge University Press, 2014.
https://www.pucsp.br/pos/cesima/schenberg/alunos/paulosergio/politica.html