Mono Red: A Origem — Textos Aleatórios #1
Inspirado pelo Johnny Li, um jogador de Yu-Gi-Oh que admiro, decidi escrever um texto por semana (ou talvez mais caso tenha vontade xD). No caso do Johnny, ele fez 365 textos em um ano, um por dia. Mas no meu caso, acho melhor colocar uma meta factível, já que um por dia seria algo que minha procrastinação não me permitiria fazer.
O primeiro tema do meu texto aleatório é um que coloquei na cabeça que queria falar sobre. Se você não é magiqueiro, a hora de sair do texto é agora, meu camarada.
Decks agressivos foram minha primeira experiência com o jogo, e o primeiro que tive contato foi o Mono Red de 2018 (Hazorets, Chandras, etc). Gostei bastante de como aquele deck jogava em comparação aos decks mais lentos e focados em vantagem de carta, que apesar de serem mais poderosos, tinham um falha óbvia: a reatividade.
A ideia de jogar com um deck proativo sempre me agradou, desde os tempos de Yu-Gi-Oh ou até mesmo de Hearthstone, e uma frase que me levaria a jogar bastante com esses decks foi uma do David Price, veterano e escritor de artigos de MTG:
‘’As pessoas gostam de jogar de controle porque acham que mostra que são bons jogadores de Magic. Decks ativos, por sua vez, produzem ameaças, e decks de controle precisam ter as respostas certas no momento certo para essas ameaças. Se não tiverem, estão com problemas… Enquanto existem respostas erradas, mas nunca ameaças erradas. ‘’
Essa frase resume bem porque prefiro jogar com decks agressivos, sendo o Mono Red, ou também conhecido como Red Deck Wins (RDW para os íntimos), meu favorito. E hoje vou falar sobre como esse deck surgiu, e sua evolução ao longo dos anos do jogo.
O nascimento de uma Lenda — Sligh Red
O ano era 1996, MTG já possuía sua legião de fãs no meio nerd, tanto como um card game de fantasia, tanto como uma atividade extensamente competitiva.
O meta da época era uma mistura de decks de Necropotência, UW Controls da vida e White Weenie. Não era conhecido um deck apenas vermelho que pudesse competir com esses nos PTQs e nas locais de alto nível. Para um pouco de contexto, vou explicar brevemente o que algumas dessas estratégias fazem.
O deck de Necropotência era basicamente um deck de controle. Ele usava aceleradores de mana como Ritual Sombrio pra jogar a carta que nomeia o deck no turno 1, e com isso encher a mão turno após turno. Jogando uma sequência de Drain Life’s para finalizar o oponente.
O deck de White Weenie é bem autoexplicativo. Pequenas criaturinhas brancas, e peças baratas de disrupção, como Espadas em Arados. O deck de UW Control também, um monte de Counterspells , mágicas de interação, e Anjos Serra pra finalizar a curva.
Dando nome aos bois, o deck se chama Sligh Red por conta do piloto que o popularizou: Paul Sligh. Que fez sua marca pilotando o deck num PTQ (Pro Tour Qualifier), para a surpresa até do organizador do torneio, que não podia acreditar que o deck teria chegado até as finais, onde perdeu para um deck de Necropotência.
Mesmo não tendo ganho, Paul Sligh deixou sua marca eternamente no jogo, popularizando assim um dos arquétipos favoritos de muita gente: Mono Red.
Logo de cara é perceptível que o deck possuí um monte de criaturas estranhas, que parecem bem ruins. E não só parecem ruins, são ruins, são horríveis pelos padrões de cartas atuais no MTG. Mas pra época, e para o propósito do deck, que era de curvar na mana (conceito inovador na época), era necessário um volume grande dessas criaturas.
Criaturas como Ironclaw Orcs, Goblins of the Flarg e Dwarven Trader (grande combo xD), apesar de serem horríveis, cumpriam sua função de virar de lado e tirar pontos de vida do amiguinho.
Como o conceito de um deck que se aproveitasse da curva de mana era totalmente estrangeiro naquela época, a escadinha do 1–2–3–4 se provou fortíssima, e continua sendo a norma para decks de criatura até hoje.
Com o tempo, e com o fato da cardpool melhorar drasticamente, os decks agressivos, tanto Mono Reds quanto de outras cores foram ficando mais refinados, e definitivamente mais fortes. Mas nunca deixaram de seguir o padrão deixado pelo Paul Sligh.
No fim de tudo, minha paixão pelo Mono Red se espalhou para outras cores, mas sempre com decks proativos, que gostam de colocar pressão no oponente. Afinal, sempre existem respostas erradas, mas nunca ameaças erradas.
Se teve paciência de ler até aqui, um abraço!