O que faz um bom metroidvania?

Daniel Medeiros
5 min readOct 31, 2018

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Primeiramente dando nome aos bois, metroidvania é um subgênero de jogos, que como o nome sugere, é uma junção dos jogos “Metroid” e “Castlevania”, e que engloba elementos de ambas as franquias. O metroidvania surgiu na era do SNES x Mega Drive, com títulos como “Super Metroid” e de certa forma, os primeiros Castlevanias.

Super Metroid, uma parte das das duas franquias que inspirou o gênero

Mas não foi até “Castlevania: Symphony of the Night” surgir, que o gênero se popularizou de verdade, juntando elementos das duas franquias, no que hoje é reconhecido, tanto por fãs quanto críticos, como o melhor metroidvania de todos os tempos.

Mas o que compõe exatamente um metroidvania? e melhor ainda, o que compõe um bom metroidvania?

Castlevania: Symphony of the Night, de longe o metroidvania mais conhecido e mais aclamado

Mapa e exploração

O mapa dos metroidvanias quase sempre é extenso, e interconectado, com vários lugares que inicialmente o jogador não pode explorar, mas com o passar do tempo e depois de adquirir algum tipo de power-up, ele pode voltar e acessar aquela área.

Bons metroidvanias usam o mapa a seu favor, tornando a experiência de explorar recompensadora e ao mesmo tempo difícil, com algumas seções de platforming, ou inimigos bem posicionados. Um bom exemplo de ótimo uso de mapa e exploração, é no metroidvania que eu joguei recentemente, “Hollow Knight”, onde o mapa é muito grande, mas com poucas seções repetidas, e cheio de segredos e desafios.

O mapa de Hollow Knight cria uma das melhores experiências de exploração já vistas nos jogos

Backtracking

Não dá pra falar de metroidvania sem mencionar uma das mecânicas encontradas em quase todos os jogos do gênero, o backtracking, que consiste na exploração de seções previamente inacessíveis, mas que com algum tipo de habilidade ou item, é possível a exploração.

O backtracking feito corretamente, aparece em quantidades saudáveis, e não a cada novo power-up adquirido. Quando feito em demasia, pode segurar o ritmo do jogo e tornar maçante a exploração.

O melhor exemplo de backtracking bom que consigo imaginar é o Castlevania : Aria of Sorrow, um jogo subestimado e que vive à sombra do SoTN, mas que definitivamente merece ser jogado.

A palavra-chave quando se fala dessa mecânica, é definitivamente equilíbrio, quando se faz pouco, ou nenhum, o jogo se torna muito linear e quase um side-scroller. Faça demais e o jogo se torna um RPG de mundo aberto e uma série infinita de fetch quests, mas quando feito na medida certa, recompensa o jogador por explorar.

Aria of Sorrow é uma verdadeira aula de backtracking, com um equilíbrio perfeito

Gameplay

Pra mim, é o mais importante num bom metroidvania, pois dá pra compensar várias falhas de mapa ou de design com um gameplay divertido e desafiador, que recompense o jogador por aprender padrões de ataque e combinações de itens/poderes.

Aqui é onde varia bastante de acordo com a temática e o background do jogo, nem todos os metroidvanias são de fantasia e o protagonista usa armas como espadas, adagas e chicotes, muitos metroidvanias como “Axiom Verge” e “Shadow Complex”, usam de elementos de ficção científica, puxando mais para o lado Metroid, do gênero.

Axiom Verge, o sucessor espiritual de Metroid incorpora muito bem os elementos de seu predecessor

Jogos com o background de fantasia são os mais populares, e seguem algumas tendências, como o uso de power-ups encontrados após bosses, upgrades de vida e magia, assim como armas novas e upgrades de movimentação, como o famigerado pulo-duplo.

Já os que possuem um background de ficção científica, ou tenham uma pegada mais realista, dispensam esse sistema de power-ups e upgrades, optando por uma simples troca de armas, ou limitação na munição encontrada ao longo do jogo.

Gameplay pode ser feito de várias formas, e pode dar certo de vários jeitos diferentes, dependendo do conjunto da obra, ou da qualidade dele em si. O importante é fazer um sistema que seja coerente com a obra, e que não seja tão cansativo quando o jogador estiver avançado na jogatina.

Novamente, uso como exemplo, Hollow Knight, desta vez pra ilustrar o aspecto mais importante de um metroidvania, com um casamento perfeito de dificuldade e diversão, é um desafio constante adquirir os power-ups, aprender os padrões de inimigos e derrotar bosses, e é uma sensação de recompensa, quando se consegue.

O gameplay de Hollow Knight é fluido e desafiador, uma ótima pedida para os jogadores calejados no gênero, e um grande desafio para os novatos

Trilha sonora

A trilha sonora é a cola da ambientação e exploração do jogo, onde cada área tem sua música, cada boss tem seu tema, e o que as vezes torna a experiência que poderia ser maçante, bem mais tranquila e agradável.

Assim como o gameplay, a trilha sonora varia de acordo com a temática do jogo, e a necessidade do jogo de ambientar e imergir o jogador, o melhor exemplo de trilha sonora, é a do “Castlevania: Symphony of the Night”, que até hoje é reconhecida como uma das melhores de todos os jogos.

Nesse caso, a trilha sonora é boa, por causa de sua qualidade musical, e de como ela se encaixa muito bem na ambientação do jogo, afinal, pra funcionar, a trilha precisa estar em total sincronia com o momento do jogo.

O tema da biblioteca é a peça mais popular do jogo, um excelente de exemplo da trilha sonora junto com o ambiente

As vezes a melhor trilha sonora, é a ausência de uma, em jogos como (sim, de novo) Hollow Knight, a falta de trilha sonora nos dá a impressão de que algo está por vir, e faz o jogador imaginar o que vai acontecer, além de ser muito bom pra criar tensão e prender a atenção.

Bonus round : Easter Eggs

Não é necessário para se fazer um bom metroidvania, mas quando se possuem easter eggs criativos e divertidos, ou até mesmo misteriosos, fica marcado nos jogadores, e é até mesmo uma experiência divertida de contar para os amigos na hora de jogar.

A forma de demônio do Alucard é um easter egg interessante e que deixou jogadores pensando sobre a possibilidade dele utilizar essa forma num futuro jogo de franquia

Metroidvanias são de longe meu gênero(ou subgênero), preferido de jogos, a mistura de simplicidade e profundidade do universo de cada jogo, cada inimigo e cada referência posta, é o que faz eu me apegar tanto, recentemente, como mencionei lá em cima, terminei o “Hollow Knight”, que recém saiu para PS4, mas que já está na Steam desde o ano passado, então fica minha recomendação de Hollow Knight, e quem sabe um futuro texto sobre o jogo.

Um abraço!

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Daniel Medeiros
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Written by Daniel Medeiros

26, entusiasta de card games, estudante de administração e apreciador de conhecimentos inúteis

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