O que faz um bom metroidvania?
Primeiramente dando nome aos bois, metroidvania é um subgênero de jogos, que como o nome sugere, é uma junção dos jogos “Metroid” e “Castlevania”, e que engloba elementos de ambas as franquias. O metroidvania surgiu na era do SNES x Mega Drive, com títulos como “Super Metroid” e de certa forma, os primeiros Castlevanias.
Mas não foi até “Castlevania: Symphony of the Night” surgir, que o gênero se popularizou de verdade, juntando elementos das duas franquias, no que hoje é reconhecido, tanto por fãs quanto críticos, como o melhor metroidvania de todos os tempos.
Mas o que compõe exatamente um metroidvania? e melhor ainda, o que compõe um bom metroidvania?
Mapa e exploração
O mapa dos metroidvanias quase sempre é extenso, e interconectado, com vários lugares que inicialmente o jogador não pode explorar, mas com o passar do tempo e depois de adquirir algum tipo de power-up, ele pode voltar e acessar aquela área.
Bons metroidvanias usam o mapa a seu favor, tornando a experiência de explorar recompensadora e ao mesmo tempo difícil, com algumas seções de platforming, ou inimigos bem posicionados. Um bom exemplo de ótimo uso de mapa e exploração, é no metroidvania que eu joguei recentemente, “Hollow Knight”, onde o mapa é muito grande, mas com poucas seções repetidas, e cheio de segredos e desafios.
Backtracking
Não dá pra falar de metroidvania sem mencionar uma das mecânicas encontradas em quase todos os jogos do gênero, o backtracking, que consiste na exploração de seções previamente inacessíveis, mas que com algum tipo de habilidade ou item, é possível a exploração.
O backtracking feito corretamente, aparece em quantidades saudáveis, e não a cada novo power-up adquirido. Quando feito em demasia, pode segurar o ritmo do jogo e tornar maçante a exploração.
O melhor exemplo de backtracking bom que consigo imaginar é o Castlevania : Aria of Sorrow, um jogo subestimado e que vive à sombra do SoTN, mas que definitivamente merece ser jogado.
A palavra-chave quando se fala dessa mecânica, é definitivamente equilíbrio, quando se faz pouco, ou nenhum, o jogo se torna muito linear e quase um side-scroller. Faça demais e o jogo se torna um RPG de mundo aberto e uma série infinita de fetch quests, mas quando feito na medida certa, recompensa o jogador por explorar.
Gameplay
Pra mim, é o mais importante num bom metroidvania, pois dá pra compensar várias falhas de mapa ou de design com um gameplay divertido e desafiador, que recompense o jogador por aprender padrões de ataque e combinações de itens/poderes.
Aqui é onde varia bastante de acordo com a temática e o background do jogo, nem todos os metroidvanias são de fantasia e o protagonista usa armas como espadas, adagas e chicotes, muitos metroidvanias como “Axiom Verge” e “Shadow Complex”, usam de elementos de ficção científica, puxando mais para o lado Metroid, do gênero.
Jogos com o background de fantasia são os mais populares, e seguem algumas tendências, como o uso de power-ups encontrados após bosses, upgrades de vida e magia, assim como armas novas e upgrades de movimentação, como o famigerado pulo-duplo.
Já os que possuem um background de ficção científica, ou tenham uma pegada mais realista, dispensam esse sistema de power-ups e upgrades, optando por uma simples troca de armas, ou limitação na munição encontrada ao longo do jogo.
Gameplay pode ser feito de várias formas, e pode dar certo de vários jeitos diferentes, dependendo do conjunto da obra, ou da qualidade dele em si. O importante é fazer um sistema que seja coerente com a obra, e que não seja tão cansativo quando o jogador estiver avançado na jogatina.
Novamente, uso como exemplo, Hollow Knight, desta vez pra ilustrar o aspecto mais importante de um metroidvania, com um casamento perfeito de dificuldade e diversão, é um desafio constante adquirir os power-ups, aprender os padrões de inimigos e derrotar bosses, e é uma sensação de recompensa, quando se consegue.
Trilha sonora
A trilha sonora é a cola da ambientação e exploração do jogo, onde cada área tem sua música, cada boss tem seu tema, e o que as vezes torna a experiência que poderia ser maçante, bem mais tranquila e agradável.
Assim como o gameplay, a trilha sonora varia de acordo com a temática do jogo, e a necessidade do jogo de ambientar e imergir o jogador, o melhor exemplo de trilha sonora, é a do “Castlevania: Symphony of the Night”, que até hoje é reconhecida como uma das melhores de todos os jogos.
Nesse caso, a trilha sonora é boa, por causa de sua qualidade musical, e de como ela se encaixa muito bem na ambientação do jogo, afinal, pra funcionar, a trilha precisa estar em total sincronia com o momento do jogo.
As vezes a melhor trilha sonora, é a ausência de uma, em jogos como (sim, de novo) Hollow Knight, a falta de trilha sonora nos dá a impressão de que algo está por vir, e faz o jogador imaginar o que vai acontecer, além de ser muito bom pra criar tensão e prender a atenção.
Bonus round : Easter Eggs
Não é necessário para se fazer um bom metroidvania, mas quando se possuem easter eggs criativos e divertidos, ou até mesmo misteriosos, fica marcado nos jogadores, e é até mesmo uma experiência divertida de contar para os amigos na hora de jogar.
Metroidvanias são de longe meu gênero(ou subgênero), preferido de jogos, a mistura de simplicidade e profundidade do universo de cada jogo, cada inimigo e cada referência posta, é o que faz eu me apegar tanto, recentemente, como mencionei lá em cima, terminei o “Hollow Knight”, que recém saiu para PS4, mas que já está na Steam desde o ano passado, então fica minha recomendação de Hollow Knight, e quem sabe um futuro texto sobre o jogo.
Um abraço!