Review Stranger Things 3 - Na União Soviética…
Dia 4 desse mês, a Netflix lançou a terceira temporada da sua aclamada série oitentista, Stranger Things, eu, como bom fã da série (e também um desocupado), assisti assim que saiu, e decidi fazer um review da temporada, com minhas opiniões e críticas, e claro, com muitos, mas MUITOS, spoilers, se não terminou ainda, sugiro que não leia o resto desse review.
Uma nova Hawkins
Como falar dessa temporada sem falar sobre a própria cidade, Hawkins, assim como todo o elenco da série, está diferente do que conhecemos, por causa da sua nova atração, o Starcourt Mall, um shopping center que logo de cara tornou-se a coisa favorita de todos na cidade (exceto dos donos de loja no distrito comercial da cidade), e que parece reunir todos do elenco principal.
Logo no começo da temporada também vemos um descontentamento claro nos donos de lojas menores, os “mom and pop”, como chamam os americanos, que o Shopping está roubando sua clientela, e que todos vão falir se o shopping não for fechado, uma crítica bem suave as grandes corporações fechando pequenos negócios pelo mundo.
E ironicamente, o shopping é propriedade dos Russos, que usam o Shopping como fachada pra o seu laboratório secreto, um conceito que achei bem engraçado, e francamente bem colocado por parte da Netflix.
Uma mudança sutil (ou nem tanto)
Uma das coisas que sempre senti que faltou um pouco na série, e que deixavam com um gostinho de quero mais, são as interações entre os personagens, e ver como eles funcionam em grupo, sozinhos, e com o mundo, o bom e velho desenvolvimento de personagem, já que nas temporadas anteriores o foco era no plot e não nos personagens, fazendo com que os fãs desejassem mais da galera tendo uma vida normal do que lutando contra entidades interdimensionais .
E essa temporada não deixou a desejar nesse aspecto, tendo bons e vários momentos de desenvolvimento, além de expressar bastante a individualidade de todos os principais, e principalmente da Eleven, que sempre pareceu meio vazia.
Em toda a temporada praticamente, o grupo se separa, em dois “sub-grupos”, Dustin, Robin, Steve e Erica de um lado, Lucas, Will, Eleven e Max do outro, quebrando a dinâmica tradicional, então temos muito tempo de separação do grupo principal, e muito tempo de desenvolvimento dos sub-grupos.
Encruzilhada soviética
Como foi estabelecido logo no começo da série, os Russos são vilões agora, e estão tentando abrir o portal para o Upside Down, e com isso, temos o plot principal dividido em dois, a conspiração Russa em Hawkins, e o retorno do Devorador de Mentes.
O plot da conspiração russa foi bastante divertido, e foi o que os roteiristas decidiram usar pra mostrar o medo da ameaça comunista nos anos 80, e do cenário de guerra fria como um todo, e ao contrário do que algumas pessoas pensam, a série não escolheu lados políticos pra defender, ela só fez um retrato do contexto histórico do ocidente nos anos 80.
Esse plot mostra bastante a dinâmica de grupo do Dustin, sua amizade com o Steve, e a inserção de dois personagens novos (a Erica nem tanto), e de como que eles interagem, a química entre eles foi bem legal de assistir, rendeu bons momentos e boas piadas.
O chamado do (Cthullu)Devorador de Mentes
Na outra parte da história, temos um ambiente mais sombrio, e um ritmo menor, contrastando a anterior, onde a ameaça já está bem clara, e que precisa ser detida. Esse núcleo da série cumpre uma função que já conhecemos das temporadas anteriores, que é a construção da ameaça principal da série, os mistérios e as revelações, e por o fim os combates.
Essa parte do plot não falhou em entregar tudo que já vimos e queremos ver na seção “assustadora” da série, o mistério, a bizarrice das criaturas, e as coisas realmente estranhas, de Stranger Things, não posso dizer que foi excelente, mas posso dizer que fez um bom trabalho assim como as duas temporadas anteriores, e se posso ressaltar algo que achei interessante, a forma como o Devorador de Mentes controla os hospedeiros é bem legal, o conceito de “hivemind” (que todos compartilham uma mesma mente e sentem a mesma coisa) foi uma boa sacada dos roteiristas.
Malhação ou Stranger Things?
Nossas crianças agora estão com os hormônios à flor da pele, puberdade, crises adolescentes, toda aquela coisa que francamente não gostamos muito de ver nos nossos filmes ou séries, mas que a Netflix não poupou tela pra mostrar como que as crianças cresceram, e que mesmo você tenha lutado com seres interdimensionais e ajudou a desmascarar conspirações do governo, ainda vai se preocupar com namoricos e espinhas.
Mesmo assim, gostei de ver a mudança nos personagens, e suas novas características e como que desenvolvem suas próprias individualidades, ao invés de somente o grupo, espero que na próxima temporada explorem esse conceito ainda mais.
Meu veredito
Gostei bastante dessa temporada, ela teve uma mudança de ritmo das duas anteriores, várias sequências aparentemente inúteis, mas mesmo assim, senti que isso foi necessário pra o funcionamento da temporada, gostei muito do desenvolvimento de todo mundo, e de como os grupos ficaram separados, pra dar mais profundidade ao que cada um pensa, em vez de ser apenas um grupo coeso. E também gostei muito de como numa série com problemas tão grandes e urgentes, ainda se tem tempo pra mostrar as crises banais do ser humano.
O final foi bastante impactante, com a morte de dois personagens importantes, o Billy, que na minha opinião teve sua redenção naquele momento, e assim como o Steve, se tornou um personagem mais gostável, e a do Jim Hopper (mas será que morreu mesmo?), que só mostra que a pobre da Winona Ryder não tem sorte no amor nessa série.
Em relação aos personagens novos, nada de muito interessante pra se dizer sobre eles, exceto pela menção honrosa ao Alexey (vulgo Smirnoff), o cientista Russo que conquistou o coração da galera, a participação dele, apesar de pequena, foi bem engraçada e trouxe momentos bons para a série.
Gostaria de fazer menção a minha cena preferida, que é o reveal da Suzie, e dela cantando com o Dustin, foi um alívio cômico muito bom e colocado numa hora muito inconveniente, nada mais anos 80 do que isso.
No geral, gostei muito dessa temporada, acho que ela ficou melhor que as duas anteriores, e espero que a 4ª seja tão boa ou até melhor que esta.
Como sempre, se teve a paciência de ler até aqui, espero que tenha gostado.
Um abraço!